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terça-feira, 8 de setembro de 2009

“Mein Bruder”


Em uma fria noite do inverno de 1951, alguém bateu à minha porta. Um irmão alemão que morava em Ogden, Utah, apresentou-se e disse, “Você é o Bispo Monson?” Respondi que sim. Ele começou a chorar e disse: “Meu irmão, a esposa dele e a família estão chegando da Alemanha. Eles vão morar na sua ala. Você poderia vir conosco para ver o apartamento que alugamos para eles?”
A caminho do apartamento, ele contou-me que não via seu irmão havia muitos anos. Ao longo do holocausto da Segunda Guerra Mundial seu irmão havia permanecido fiel à Igreja. (...)
[O apartamento] era frio e sombrio.
A pintura estava descascando, o papel de parede estava sujo, os armários vazios. Uma lâmpada de 40 watts, pendurada no teto da sala de estar, revelava um piso de linóleo com um grande buraco no meio. Senti-me muito triste. Pensei: “Que boas-vindas desanimadoras para quem já sofreu tanto”.
Meus pensamentos foram interrompidos pelas palavras do irmão: “Não é grande coisa, mas é melhor do que eles têm na Alemanha”. (...) A família deveria chegar a Salt Lake dentro de três semanas---dois dias antes do Natal.
Custou-me muito conciliar o sono naquela noite.
O dia seguinte era domingo.
Em nossa reunião do comitê de bem-estar da ala, um dos meus conselheiros disse: “Bispo, você parece preocupado. Há algo errado?”
Relatei minha experiência da noite anterior aos presentes, revelando os detalhes do desconfortável apartamento.
Seguiram-se alguns momentos de silêncio.
Então o irmão Eardley, o líder de grupo dos sumos sacerdotes, disse: “Bispo, (...) Sou empreiteiro de serviços elétricos. Você permitiria que os sumo sacerdotes desta ala refizessem a fiação do apartamento? Eu gostaria também de convidar meus fornecedores a doarem um fogão e uma geladeira novos. Tenho a sua permissão?”
Respondi com um alegre “Sem dúvida”.
Em seguida, o irmão Balmforth (...) disse: “Bispo, como você sabe, eu trabalho com tapetes. Eu gostaria de convidar meus fornecedores para contribuírem com alguns metros de carpete (...) para eliminar o desgastado piso de linóleo”.
Em seguida o irmão Bowden, presidente do quórum de élderes, falou. Ele disse que era empreiteiro de serviços de pintura e acrescentou: “Eu forneço a tinta. O quórum de élderes pode pintar o apartamento e trocar o papel de parede?”
A irmã Miller, presidente da Sociedade de Socorro, foi a próxima a falar: “Nós da Sociedade de Socorro não podemos suportar a idéia de armários vazios. Podemos abastecê-los?”
As três semanas que se seguiram foram inesquecíveis. Parecia que a ala inteira havia se juntado ao projeto.(...) A família chegou da Alemanha. (...) Subimos as escadas que levavam ao apartamento. (...)
A porta abriu-se para revelar uma literal renovação de vida.
Fomos saudados pelo aroma de madeira recém-pintada e de paredes recém-cobertas como novo papel. A lâmpada velha de 40 watts já não existia, mesmo destino do linóleo gasto que ela iluminava. Pisamos no carpete macio e belo. Um giro pela cozinha nos apresentou um novo fogão e uma nova geladeira. As portas dos armários ainda estavam abertas; no entanto agora revelavam que cada prateleira estava repleta de alimentos. Como de costume, a Sociedade de Socorro havia feito a sua parte.
(...) O pai, compreendendo que tudo aquilo era para ele, tomou-me a mão para expressar sua gratidão. Sua emoção era intensa. Ele encostou a cabeça em meu ombro e repetiu as palavras: “Mein Bruder, mein bruder, mein bruder."
Chegou a hora de partirmos. Ao descermos as escadas e sairmos para o ar noturno, a neve caía. Nenhuma palavra foi dita.
Finalmente, uma garotinha perguntou: “Bispo, sinto-me tão bem como nunca me senti antes. Pode me dizer porquê?”
Respondi-lhe com as palavras do Mestre: “Quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. (Mateus 25:40)
[Thomas S. Monson, Conference Report, abril de. 1986, pp. 81–82, ou Ensign, maio de 1986, pp. 64–65]

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